Improviso, tentação de comer toda hora, postura ruim… como melhorar o ambiente e os hábitos
Novidade para muita gente no isolamento, trabalhar em casa não é se jogar no sofá e assaltar a geladeira quando sentir ‘aquela’ fome… Veja dicas para fugir das tentações.
Sabe aqueles “memes” que circulam sobre engordar na quarentena pelo risco de, estando em casa, comer tudo o que vê pela frente? Esta é uma das tentações que existem para quem se viu, repentinamente, tendo que fazer home office, na batalha contra o coronavírus.
As demais são trabalhar do sofá ou da cama, ou em uma mesa improvisada, se perder nos horários (dormir demais ou de menos) ou nas mensagens do celular… Para ajudar a vencer essas “armadilhas”, o G1 reuniu dicas sobre bem-estar físico e mental no trabalho remoto.
O perigo da geladeira
Se não tiver guloseimas, não vai comer. Essa é a dica da nutróloga Bianca Zanchetta Buani Miguel.
Evite comprar alimentos ricos em calorias, como bolachas, salgadinhos, chocolates e refrigerantes. “Eles com certeza farão você se sabotar”, alertou Bianca.
Para “beliscar” no espaço entre as refeições, ela recomenda sementes, castanhas e frutas secas – mas cuidado para não exagerar na quantidade.
Nicole Moron, especialista em neuropsicologia, diz que, se for irresistível comer alguma guloseima, não deixe a embalagem a alcance das mãos.
“Vá à cozinha buscar apenas uma pequena porção. Provavelmente você pensará melhor antes de ter que se levantar para buscar mais’, recomenda a psicóloga.
Ela também aconselha a não praticar a autopunição caso se perca o controle. Isso só vai piorar seu psicológico, que pode já estar abalado no contexto atual.
E não esqueça de beber água. A nutricionista Deise Alves Manzine relembra que alimentação equilibrada e uma boa hidratação garantem um melhor rendimento e ainda evitam o ganho dos temidos quilos extras nesse período de restrição.
A nutróloga Bianca Miguel destacou ainda o consumo de alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas, se possível, para aumentar a imunidade – lembrando que eles, por si só, não protegem contra o coronavírus
ara o café da manhã, Deise aconselha combinar boas gorduras e proteínas, como ovos, queijos e iogurtes. No almoço e no jantar, o foco deve ser nas saladas e nas proteínas, preferencialmente cozidas, grelhadas ou assadas – cuidado com as frituras.
Continua valendo a máxima de que, quanto mais colorido for o prato, melhor.
Nada de sofá
O local influencia diretamente na produtividade. Muita gente não teve tempo de preparar a casa para trabalhar ou tem um espaço próprio para isso, mas é importante seguir algumas dicas:
o ambiente deve ter boa iluminação, para que a luz do computador não seja tão agressiva aos olhos
e deve ser bem arejado, justamente para evitar o acúmulo de vírus e bactérias.
A postura também tem grande importância. Caso esteja errada, podem aparecer dores na coluna, na cabeça e em outras partes do corpo, além de insuficiência respiratória pela pressão corporal contra o peito.
Fácil falar, difícil improvisar
O publicitário Fernando Ribeiro, que agora faz home office por causa da pandemia, não está gostando da experiência.
Entre as reclamações dele estão a falta de conforto e o exagero na alimentação, especialmente no café. Mas o pior é o local: Fernando diz que, além de dores nas costas e nos ombros por estar trabalhando na mesa de jantar, também tem dores de cabeça pela iluminação ruim.
“Estou trabalhando até mais tarde, às vezes até entrando pela madrugada, e a luz do monitor está me prejudicando”, disse.
Para ajudar o corpo, o personal trainer Juscie Cardoso recomenda fazer alongamentos e exercícios físicos antes do trabalho e durante as pausas.
Ficar o dia todo sentado não vai adiantar em nada: “O mais importante é separar uma hora do dia para se cuidar”, disse o treinador.
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Ele aponta que diversos canais on-line oferecem treinos funcionais para iniciantes, mas alerta que os exercícios devem ser oferecidos por um profissional certificado. Quem já pratica atividades pode seguir o ritmo com assessorias e treinos por videoconferência.
Corpo são, mente sã
Além do corpo, a mente também precisa estar saudável, o que é um desafio ainda maior em tempos de pandemia e quarentena.
Momentos de isolamento social são propícios para ansiedade e pensamentos negativos, como sentimentos de abandono, insatisfação e solidão, explicou a psicóloga Nicole Moron.
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Por isso, alguns cuidados devem ser tomados, como um automonitoramento dos pensamentos e o distanciamento de informações excessivas – inclusive nas redes sociais.
“Podemos pensar na disciplina de forma mais agradável, pois, se eu não mantiver uma disciplina, eu vou conviver com a culpa”, disse Nicole.
A especialista chamou a atenção para a necessidade de se estabelecer uma rotina para o trabalho remoto, como se o funcionário estivesse indo para a empresa, respeitando pausas para café, almoço e descanso.
Ela também sugere reservar um momento para uma meditação respiratória, para manter o foco e a oxigenação do cérebro.
Silêncio ajuda
Renato Cunha, executivo especialista em inteligência artificial para saúde, faz home office desde 2017. Morador de Porto Alegre, ele transformou um pedaço de seu apartamento em escritório e estabeleceu essas rotinas.
Mesmo sem ter um horário estipulado pela empresa, ele busca respeitar uma carga horária própria para não extrapolar no trabalho.
Além de fazer pausas para almoço e descanso (que usa para tarefas domésticas), ele também destaca o ambiente quieto como fator que ajuda a render mais.
“Para que eu possa produzir bem, não posso ter barulho externo, nem outras coisas que me distraiam”, disse Renato, que desliga a televisão e costuma fecha as janelas para bloquear até os ruídos da rua.
É uma dica pouco prática para quem divide o espaço com mais pessoas, mas pode ser valiosa para quem cumpre o período de isolamento sozinho.
Não é o caso de Fernando Ribeiro, que produz conteúdos para redes sociais e edita vídeos para uma empresa, e sofre com o barulho da casa: os cães latindo, sua mãe fazendo as tarefas domésticas e seu pai assistindo televisão em volume alto tiram sua concentração.
Segundo ele, nem os fones de ouvido salvam… “A maior parte do meu trabalho está no áudio e nem os fones de ouvido isolam totalmente os ruídos de fora”, disse.
Fonte: https://g1.globo.com/